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BRASIL E O DESAFIO DA EMISSÃO ZERO | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

BRASIL E O DESAFIO DA EMISSÃO ZERO

Uma aliança formada por 70 presidentes de grandes empresas globais, entre elas a KPMG, enviou recentemente uma carta endereçada aos líderes do G-7, grupo formado pelas sete principais nações mundiais, como os EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. O tema foi a mudança climática. Cinco meses antes da realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontecerá em novembro deste ano, no Reino Unido, o objetivo dos empresários foi enfatizar a colaboração público-privada como vital para uma economia baseada na emissão zero de carbono em 30 anos.

Entre as recomendações na carta as principais são a eliminação de todos os subsídios aos combustíveis fósseis e a obrigatoriedade para que todas as empresas estabeleçam metas de descarbonização.

Dados recentes mostraram que o país se tornou o quinto maior emissor de gases do efeito estufa no ano passado, o ano da pandemia. Isso se deu em grande parte por causa do desmatamento e aumento dos incêndios florestais

No documento, os líderes empresariais também fizeram um alerta importante. Caso esse processo de mitigação das mudanças climáticas não seja iniciado imediatamente, o PIB global poderá ter uma redução de até 18% nas próximas três décadas. Isso significa que regiões e setores inteiros podem ter as atividades paralisadas como consequência das mudanças na sazonalidade e quantidade de chuvas, secas, tempestades, altas e baixas temperaturas em regiões não adaptadas para essas variações, para citar algumas das consequências já esperadas em decorrência do aquecimento global.

Além disso, estudos mostram que a implantação dessas medidas e a produção e o uso de energia mais sustentável podem criar 18 milhões de empregos adicionais até 2030, e, ao mesmo tempo, manter os atuais 1,2 bilhão de empregos que dependem, diretamente, de um ambiente saudável e estável A carta ressalta ainda que, para que os piores impactos da mudança climática não aconteçam, será necessário limitar o aquecimento a 1,5 grau Celsius, o que exigirá a redução de quase a metade das emissões de gases de efeito estufa até 2030.

Com os desafios socioeconômicos já conhecidos trazidos pela pandemia mundial da covid-19, não podemos esquecer que a mudança climática é mais uma ameaça imediata e crescente à qualidade de vida das pessoas, ao funcionamento dos ecossistemas e ao funcionamento das economias, com impactos irreversíveis. Portanto, podemos considerar, vamos precisar de ações drásticas e ousadas na busca de soluções que reduzam ao máximo os impactos negativos do aquecimento global que se adicionarão aos da pandemia.

Confirmando a urgência dessa agenda, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (sigla em inglês, IPCC) divulgou um relatório sobre a situação atual das mudanças climáticas e as tendências. O cenário de aquecimento de 1,5 graus Celsius é considerado um fato. Assim, as mudanças climáticas e os fenômenos abruptos já presentes serão parte do nosso futuro, até o final do século.

A estabilidade climática pode ser restabelecida se conseguirmos de fato combater as emissões de gases do efeito estufa no curto prazo, com redobrada atenção às emissões de metano, que têm crescido e são muito prejudiciais ao clima. Uma das conclusões é que os tomadores de decisão precisam implementar planos de emissões zero para parar o aquecimento. A remoção do dióxido de carbono é uma ferramenta crucial, mas que só será útil quando acompanhada por rápidas e profundas reduções de todas as emissões de gases de efeito estufa.

Por isso, a aliança global de empresários para trabalhar em conjunto com o setor público para ações assertivas e ambiciosas é crítica para a sociedade e para a economia. Assim, é esperado que os governos e empresas acelerem a transição se comprometendo com metas ousadas. É essencial que todos definam metas claras, as transformem em ações, principalmente, no curto prazo. Precisamos de ações de fato transformadoras.

O Brasil precisa deixar claro sua intenção de contribuir para esse esforço global para ter acesso aos recursos que ajudarão os países a implementar o que será preciso para a economia de baixo carbono. Fontes internacionais falam de vários trilhões de dólares que serão disponíveis para essa transição. Isso nos leva a uma pergunta: onde estão as emissões que o Brasil poderia se comprometer a deixar de realizar, sem reduzir a produção e comercialização?

Segundos os cálculos de vários institutos, até 2018, o Brasil contribuía com pouco mais de 2,2% das emissões globais. Nossas emissões estão distribuídas da seguinte forma: quase metade vem da forma como implementamos as atividades no setor de agropecuária, depois um quarto do setor de transportes, seguido por geração de energia em geral e depois energia do setor industrial. Mas dados recentes mostraram que o país se tornou o quinto maior emissor de gases do efeito estufa no ano passado, o ano da pandemia. Isso se deu em grande parte por causa do desmatamento e aumento dos incêndios florestais.

O agronegócio brasileiro, responsável por 23% do PIB, que tem grandes quantidades exportadas para União Europeia, China e Estados Unidos, tem feito um grande esforço no sentido de mudar esse jogo. O ideal seria que reduzisse pela metade as emissões atuais associadas ao setor. A logística nacional poderia reduzir a sua posição passando a utilizar, principalmente, etanol e biodiesel. Lembrando que somos o único país do mundo com tamanha frota, produção e distribuição movida a combustível renovável, sem precisarmos investir em elétricos.

E, num dos países mais ensolarados do planeta, as emissões de geração de energia e do setor industrial também poderiam ser reduzidas, se tivéssemos um plano amplo para eficiência energética e geração renovável centralizada e distribuída.

Pensando assim, parece que há grandes chances de o Brasil assumir compromissos e entrar sim na conversa sobre o clima, fazer a sua parte, acessar os fundos disponíveis e usar tudo isso para um plano de recuperação econômica num país que vai precisar de um plano de recuperação que o torne competitivo e economicamente ativo, diante da transição que o mundo prepara.

Por Charles Krieck e Nelmara Arbex


Fonte: Valor Econômico

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