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Os pedágios que o processo de mecanização está cobrando do produtor de cana-de-açúcar

fato que o processo de mecanização do canavial cobra pedágios, mas é impensável esse ser motivo para regredir na história e voltar para o corte de cana manual. Essa é a opinião do gerente de processos agrícolas da USJ, Humberto Carrara.
“Mas é evidente que a mecanização cobra o seu preço. Reduz custos, aumenta produtividade, mas cobra preço e não é muito barato. E parece que o setor demorou para entender esse pedágio da mecanização.”
Isso começa já no plantio, com a colheita de mudas. Quando se colhe a muda com colhedora mecânica e é agressivo com a gema, mexe-se até com o controle hormonal da planta. Isso atrapalha a germinação. Causa danos físicos, danifica a gema e o tolete.
Aí vem o plantio mecânico, utilizando um tolete que sofreu agressão à gema, que é a genitora de uma nova planta.
E em cana-de-açúcar há poucas janelas perfeitas para o plantio ao longo do ano, mas não se consegue fazer o plantio mecânico intensivo em uma janela curta. Por isso, se estende o plantio por todo o ano para se otimizar os recursos mecanizáveis, que são caros. “Essa extensão do plantio também compromete a germinação, porque foge do plantio na hora ideal, que é entre chuvas e na época mais chuvosa do ano.”
Além do plantio, Carrara salienta que também há agressão nas operações de colheita, de transbordo, e até na compactação do solo e no arranquio de soqueiras. “Tudo isso contribui para a falha. Um problema que se origina na colheita de muda, passa para o plantio, e depois vem a agressão das colheitas subsequentes. Vemos divulgação de instituto de pesquisa de perdas de quase 10 kg de ATR comparando antes da mecanização intensiva com depois dela.”
No entanto, segundo ele, também existem ganhos de produtividade, com incremento de novas variedades, tecnologias modernas, outros sistemas de nutrição, “mas os ganhos de produtividade não têm sido tão intensivos assim”.
“Pode-se dizer que tudo isso é o pedágio que a mecanização está cobrando. É um mal necessário, agora temos que saber como trabalhar com isso.”

Fonte: CanaOnline