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Custos azedam sonho africano de exportar açúcar | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Custos azedam sonho africano de exportar açúcar

A corrida do açúcar na África chegou ao fim.

Na maior parte dos últimos dez anos, empresas de dentro e fora da África investiram bilhões de dólares em projetos de produção de açúcar no continente, numa tentativa de aproveitar o crescimento da nova classe média africana. Hoje, usinas em muitos países estão às voltas com estoques insustentavelmente altos. O excesso de oferta vem forçando as empresas a reduzir a produção, suspender novos projetos e fechar usinas.

O culpado: importações baratas. Os países da África subsaariana importam cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar por ano de países como Brasil, China e Índia. As importações — em geral pesadamente subsidiadas — são vendidas a preços menores que o custo de produção local, levando os países africanos a evitar o açúcar de seus vizinhos.

Só do Brasil, por exemplo, a África inteira importou 7,5 milhões de toneladas de açúcar entre abril de 2013 e março de 2014 (safra de 2013/14), um salto de 15,4% em cinco anos, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O Brasil possui um custo de produção bem menor que o africano, o que eleva sua competividade. Segundo Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, especializada no setor sucroenergético, o custo de produção da África do Sul, por exemplo, é cerca de 20% maior que o do Brasil.

Os preços globais do açúcar caíram para US$ 0,135 a libra-peso em setembro na bolsa de futuros ICE, nos Estados Unidos, o menor nível desde abril de 2009. Ontem, o açúcar fechou a US$ 0,165 por libra-peso. A Organização Mundial do Açúcar estimou recentemente que o mundo terá um novo excedente de oferta do produto pelo quinto ano consecutivo no fim da safra de 2014/15, que começou neste mês.

Quatro anos atrás, preços elevados de açúcar estimularam o plantio em países produtores como Brasil, Índia e Tailândia, resultando no excedente atual.

Esse excesso de oferta, e os preços em queda, golpearam os exportadores de açúcar africanos. Uganda, Moçambique, Zâmbia e Malawi devem registrar excedentes na produção deste ano.
A segurança também é um problema. Os caminhoneiros abandonaram estradas propensas a emboscadas e sequestros no leste do Congo, Sudão do Sul e República Centro-Africana, encolhendo mercados antes expressivos.
Por outro lado, países relativamente estáveis, como Quênia e Ruanda, aumentaram impostos numa tentativa de proteger a indústria doméstica contra as importações, o que tornou esses promissores mercados quase inacessíveis aos países vizinhos.
Não era para ser assim. A nova classe média africana triplicou de tamanho desde 2000, segundo estudo recente do banco sul-africano Standard Bank. De olho nesse mercado crescente, multinacionais como a britânica Associated British Foods PLC e a indiana Mahakaushal Sugar & Power Industries Ltd. investiram na produção de alimentos processados que usam açúcar.

Analistas argumentam que o próprio continente tem potencial para abrandar o problema.

“Há um enorme mercado para o açúcar na África”, diz Edward George, chefe de pesquisa do Ecobank, uma instituição pan-africana. “Os produtores precisam lidar com as barreiras comerciais, reduzir os custos de produção [...] e negociar mais entre eles.”
O setor de açúcar na África, entretanto, parece estar cada vez mais em dificuldades.
Um dos incentivos originais à expansão era ganhar acesso ao mercado da União Europeia. Mas, até 2017, a UE, que compra da África cerca de 35% do açúcar que consome, vai dar fim às políticas de comércio preferencial que possibilitaram as importações da região, reduzindo ainda mais um mercado vital para as usinas africanas. A UE quer encorajar mercados mais livres de açúcar.

A produtora de açúcar Madhavani Group, da Uganda, e a tanzaniana EcoEnergy Africa suspenderam grandes projetos diante do cenário desfavorável, dizem executivos das empresas. Em agosto, a estatal queniana Muhoroni Sugar Co. parou de moer cana-de-açúcar depois de perder a disputa contra as importações baratas. A Muhoroni está entre as cinco usinas estatais do Quênia que possuem, juntas, uma dívida de US$ 500 milhões, segundo o Conselho de Açúcar do país.

Mesmo os produtores de países com baixo custo, como a África do Sul, que utiliza tecnologia e métodos mais avançados, não foram poupados do impacto do excedente global de açúcar.
Donald MacLeod, presidente do conselho de administração da Illovu Sugar Ltd., maior produtora de açúcar da África, disse que o açúcar importado barato estava criando dificuldades para a firma. E as vendas de açúcar da sul-africana Tongaat Hulett no Zimbábue caíram 25% na safra de 2013/14 em meio a um surto de importações baratas, informou a empresa. Suas operações em Moçambique também sofreram.
Os governos africanos estão tentando ajudar.

Em abril, pela primeira vez em quatro anos, a Comissão de Administração de Comércio Internacional da África do Sul impôs tarifas ao açúcar importado para amenizar seus efeitos sobre as usinas que concorrem com o Brasil, Tailândia e China. Mas em mercados como Quênia e Uganda, importações ilegais são reembaladas com embalagens locais para esconder a origem verdadeira, segundo autoridades do comércio.

O secretário de Agricultura do Quênia, Felix Koskei, disse que o governo trabalha num plano para quitar as dívidas das usinas numa tentativa de recuperá-las. Mas autoridades do setor de comércio dizem que as usinas do Quênia vão precisar de mais do que isso. A baixa produtividade resultante de métodos antiquados de plantio e processamento continuará a afetar o setor, dizem.


Fonte: The Wall Street Journal

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