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Mercado de commodities em ebulição | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Mercado de commodities em ebulição

Alta causada por adversidades climáticas deve perdurar em março

Por Fernando Lopes, Mariana Caetano e Fernanda Pressinott

O Brasil está no "olho do furacão". Adversidades climáticas no país influenciaram as valorizações de cinco das principais commodities agrícolas comercializadas no exterior em fevereiro, e essa "pressão altista", ainda que possa perder fôlego em alguns segmentos, tende a perdurar em março. Particularmente no mercado de grãos, às intempéries se uniu o aprofundamento da crise política na Ucrânia, que já ajudou a elevar as cotações nos últimos dias.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) negociados nas bolsas de Nova York (açúcar, café, cacau, suco de laranja e algodão) e Chicago (soja, milho e trigo) mostram que os oito produtos encerraram o mês em patamares superiores aos de janeiro. O peso brasileiro se fez notar, em maior ou menor escala, nos mercados de açúcar, café, suco, soja e milho. O país é o maior exportador dos quatro primeiros.

Outros dois fatores ajudam a completar a equação que resultou nas valorizações observadas no mês passado. O primeiro é a perda de ímpeto do dólar, que abriu espaço para as altas nas bolsas dos EUA na medida em que reduz a competitividade da produção americana. Não que essas altas, determinadas por fundamentos, não fossem acontecer, mas talvez elas fossem menores com um dólar mais forte.

O segundo fator está ligado aos movimentos dos fundos de investimentos, que muitas vezes colaboram para maximizar tendências. E, conforme dados da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), os gestores de recursos ("managed money") elevaram no mês passado apostas na valorização de grãos, café e açúcar.

O milho, que em janeiro refletia o pessimismo dos especuladores, encerrou a semana de 25 de fevereiro com uma posição comprada de 87.516 contratos (entre futuros e opções) em Chicago. Já o saldo de posições compradas em soja avançou 3,8% em relação aos sete dias anteriores, para 202.996 contratos - número próximo do saldo de 230 mil contratos comprados que os fundos detinham durante a grave seca de 2012 nos EUA, como observa Pedro Dejneka, analista da PHDerivativos.

"Mas, no momento em que o mercado voltar a prestar atenção nos fundamentos reais, a onda de vendas pode - e deve - ser fortíssima", afirma Dejneka. De maneira geral, lembra, o mercado conta, por exemplo, com uma área plantada com soja nos Estados Unidos na próxima safra (2014/15) maior do que indicam as estimativas oficiais. Conforme a primeira projeção do Departamento da Agricultura dos EUA (USDA), essa área deverá alcançar 32,2 milhões de hectares, ante 31 milhões em 2013/14.

Em Nova York, o café registrou posição líquida de compra de 27.866 contratos na semana encerrada em 25 de fevereiro, depois de ter terminado janeiro com um saldo vendido de 5.454 contratos. Trajetória semelhante foi trilhada pelo açúcar demerara. Os fundos, que também vinham vendidos, rumaram fortemente para apostas "altistas". O saldo líquido de compra da commodity ficou em 21.818 contratos na semana até 25 de fevereiro, ante posição vendida de 26.489 contratos na semana anterior.

Diante da conjunção positiva criada para os preços - e depois das fortes baixas de 2013 - o café emergiu como o grande destaque de fevereiro. A cotação média dos contratos de segunda posição da commodity na bolsa nova-iorquina foi quase 30% superior à de janeiro e atingiu o pico desde outubro de 2012. E as preocupações com o déficit hídrico no Centro-Sul do Brasil, amplificadas depois da seca de janeiro, seguem vivas e ainda provocam grandes altas, como a de ontem (9,1%).

No mercado de açúcar, que também espelha o temor com os efeitos da estiagem no Centro-Sul brasileiro sobre o volume e a qualidade da cana, sobretudo em São Paulo, a cotação média registrada em fevereiro foi 6,74% maior que a do mês anterior. No mesmo barco está o suco, já que os pomares paulistas igualmente amargaram falta de chuvas. No mês passado, o preço médio do produto foi 16,22% superior ao de janeiro em Nova York, e o patamar alcançado foi o maior desde abril de 2012. Sem influência do Brasil, cacau e algodão também registraram valorizações.

A força brasileira volta a aparecer nos fatores que impulsionaram os grãos em Chicago no mês. Com o empurrão dos problemas causados pela estiagem no Sul e pelas chuvas em Mato Grosso - nas últimas semanas -, a cotação média da soja subiu 5,02% em fevereiro na comparação com janeiro, enquanto a do milho foi 4,29% superior. Nos dois mercados, são as maiores médias desde setembro de 2013, já que depois disso os preços haviam entrado em rota de acomodação por conta da recomposição da oferta mundial.

Em alguma medida, uma provável volta a essa tendência dependerá dos rumos da crise política na Ucrânia nas próximas semanas. Quinto maior exportador de trigo do mundo, o país, que também vende volumes consideráveis de milho no exterior, foi fundamental nas valorizações de preços em Chicago registradas no início desta semana.
Os preços das commodities agrícolas negociadas na BM&FBovespa também refletiram as adversidades climáticas em polos produtores do Brasil, como não poderia deixar de ser, e encerraram fevereiro com médias também bastante superiores às de janeiro.

E, como aconteceu no mercado internacional, a maior valorização foi a do café. De acordo com cálculos do Valor Data baseados nos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), a commodity fechou fevereiro com uma cotação média 23,92% maior que a de janeiro.

Esse salto foi suficiente para uma recuperação impensável antes que o déficit hídrico sobretudo em regiões de Minas, Paraná e São Paulo começasse a prejudicar as plantações, o que ficou claro nas primeiras semanas do ano. Assim, mesmo após as fortes retrações do ano passado (motivada por uma oferta confortável), na comparação com fevereiro de 2013 a média do mês passado foi 3,58% superior.

Na esteira das oscilações em Chicago, mas também influenciada por uma demanda doméstica aquecida, o milho fechou o mês passado em um patamar 13,6% mais elevado que em janeiro. Com isso, a variação em relação a fevereiro de 2013 também passou a ser positiva (8,21%). Como na soja o salto mensal foi menor (4,36%), em relação ao nível de um ano atrás ainda há queda (7,8%).

Sob os reflexos da entressafra de cana, do pessimismo climático e da reação do consumo interno, os contratos de segunda posição de entrega do etanol, por sua vez, fecharam o mês passado com valor médio 7,1% maior que o de janeiro e passaram a acumular alta de 5,95% sobre fevereiro de 2013.

Em termos nominais, o nível alcançado agora pelos preços do café é o mais elevado desde janeiro de 2013, no milho, é o maior desde dezembro de 2012, na soja desde agosto de 2013 e no etanol é o pico da série histórica iniciada em maio de 2010. Mas nada como o boi gordo, que também alcançou em fevereiro, quando subiu 6,26% em relação a janeiro, a maior média de sua série - só que essa série começou em 1991.

Se a falta de chuvas também prejudicou pastagens e afetou a oferta de animais para abate, a demanda aquecida completou o quadro que mantém o boi nas alturas. E essa demanda está particularmente forte no mercado externo, tanto que os embarques brasileiros de carne bovina in natura mantiveram um ritmo forte em fevereiro e a expectativa é de recorde em 2014.


Fonte: Valor

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