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A caminho do biocombustível | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

A caminho do biocombustível

O projeto de lei 5.109, que determina a conversão dos motores de aviões para biocombustíveis já recebeu parecer favorável na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, mas ainda tem um longo caminho a percorrer antes de ser votado em plenário.

A proposta da deputada Sandra Rosado (PSB-RN) pode ter impacto em um dos principais gargalos da aviação brasileira: o preço do combustível, responsável por cerca de 40% das despesas operacionais das companhias aéreas. Estudos acadêmicos apontam que o biocombustível pode ajudar a indústria da aviação comercial a cumprir as metas de redução de emissões de CO2 pela metade até 2050, além do alívio nas contas. Um Falcon 7X, que consome 1.300 litros por hora de voo, que fosse a Nova York e voltasse duas vezes em um mês, em um roteiro de pelo menos 36 horas de voo, consumiria 46 mil litros de querosene de aviação e gastaria mais de R$ 80 mil.

Em dez anos, o preço médio do litro do querosene de aviação mais que dobrou no Brasil. Era de R$ 0,844, em 2003, e fechou o ano passado cotado a R$ 1,742, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP).

Em 21 de março deste ano, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) publicou tabela com os novos preços médios para o consumidor. O Qavn ficou com o valor mínimo de R$ 1,5960 por litro no Rio de Janeiro e máximo de R$ 6,00 em Roraima. No ano passado, o Brasil produziu 7,2 milhões de m3 de querosene de aviação (Qav) e 76 mil m3 de gasolina de aviação (Gav). Para atender à demanda do mercado interno, o país importou 1,6 milhão de m3 de Qav e 6,2 mil m3 de Gav, em 2012, com gastos de US$ 1,3 bilhão e US$ 6,1 milhões.

O saldo negativo na balança comercial com base nos dados da ANP, descontada a exportação de 28,6 mil m3 de Qav, que rendeu US$ 26,9 milhões, e de 8,4 mil m3 de Gav, que rendeu US$ 8,8 milhões, foi de US$ 1,2 bilhão.

A Agência Nacional do Petróleo acompanha o desenvolvimento de biocombustíveis para as suas diversas aplicações, incluindo o setor de aviação. Em março de 2011, Brasil e Estados Unidos firmaram acordo de parceria na área de biocombustíveis de aviação. A alternativa, de acordo com estudos acadêmicos, pode tornar o país um ator importante na produção global, mas depende de mais investimentos em pesquisa, infraestrutura e na adoção de políticas públicas de estímulo. É o que aponta o relatório "Plano de voo para Biocombustíveis de Aviação no Brasil: Plano de Ação", elaborado pelas empresas Boeing e Embraer, em conjunto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade de Campinas (Unicamp).

De acordo com dados do trabalho, o setor brasileiro de aviação, que cresce mais rapidamente do que a média global, transportou em 2010 cerca de 71 milhões de passageiros e 870 mil toneladas de carga aérea dentro e fora do país. As projeções indicam que o Brasil será o quarto maior mercado de tráfego aéreo doméstico do mundo até o ano que vem. Os pesquisadores concluíram que o país é o maior produtor mundial decana-de-açúcar, o segundo maior produtor de soja e registra o mais baixo custo de produção de eucalipto, mas advertem que para aproveitar essa vantagem será preciso melhorar a infraestrutura de transporte.

"A maioria das culturas demanda melhorias de logística pois, em geral, a infraestrutura de transporte no Brasil é precária e as matérias-primas são produtos de baixa densidade e valor unitário", diz o relatório. O trabalho afirma, ainda, que o Brasil tem condições de desenvolver lavouras para a produção de biocombustível sem pôr em risco a segurança alimentar da população. "O Brasil é um dos melhores exemplos mundiais de que é possível conciliar uma produção sustentável de biocombustível com a segurança alimentar".


Fonte: Valor

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